domingo, 23 de setembro de 2012

J.R. Ward - Série Irmandade da Adaga Negra # 10 - Amante Renascido

LOVER REBORN
J.R. WARD
Lançado em 27/03/2012 (nos EUA)
572 páginas
Signet Eclipse


Este foi um livro bastante aguardado por quem acompanha a série.
Tohrment tem sido um dos Irmão favoritos das fãs desde a perda de sua shellan, no terceiro livro (em Amante Desperto). Wellsie e Tohr eram um casal apaixonado, perfeito, felizes e ela estava grávida quando os lessers a mataram. Depois de sua morte, Tohr enlouqueceu de dor e desapareceu, permaneceu sumido por alguns livros, retornando no final de Amante Meu, para o casamento de John e Xhex. Resgatado pelo anjo Lassiter, é trazido de volta para a mansão da Irmandade, após o exílio auto-inflingido onde tentou morrer vezes após vezes para reencontrar sua amada e filho. Quando volta ao convívio da Irmandade, Tohr se lança com fúria suicida na guerra contra os lessers, buscando vingança e um modo de morrer, e acabar com sua dor. A única coisa que o consola é saber que sua shellan e filho não-nascido estão no Fade, em paz, aguardando o reencontro deles após sua própria morte.
Lassiter então joga a bomba e acaba com este consolo dúbio ao informá-lo de que Wellsie não está no Fade, e que o seu apego às lembranças e à dor da perda a tem mantido presa no Limbo, onde ela enfraquece dia a dia, sem encontrar paz. A única maneira de salvá-la seria 'deixá-la ir' e seguir com sua vida. Tohr enlouquece após ouvir isso, parte descrença, parte fúria, parte desespero, como deixá-la ir? Como ele podia estar causando mais mal ainda a alguém que sofreu tanto por ele não ter estado lá para protegê-la?
Quando Lassiter insinua que ele deveria fazer isto arrumando outra shellan, o Irmão quase mata o anjo.
E neste contexto temos No'One. Ela é a mãe de Xhex, a vimos em "Amante Meu", quando vivia no Outro Lado trabalhando como a misteriosa e anônima serva das Escolhidas, até que, pede à Virgem Escriba que permita vir para este lado, para ficar perto da filha. No'One também é aquela já mencionada vampira que fora sequestrada por um sympath que a engravidou, salva por Darius e um Tohr recém passado por sua transição, e que se suicidou após o parto (Amante Vingado). No'One é discreta, apagada, uma figura que se arrasta na mansão do mesmo modo que no Outro Lado, de forma servil, humilde, quase despercebida. Sua presença incomoda Tohr, é como um lembrete constante de como a Virgem Escriba pode conceder milagres - No'One se suicidou e mesmo assim, ela está de volta, viva. Porque o mesmo não aconteceu a sua Wellsie? Ele é muito cruel com ela em alguma cenas, cruel de uma maneira que eu achei até indigna de um Irmão. Tudo fruto da dor. Mas tornou a leitura bastante incômoda em algumas partes. Quando Lassiter lhe revela que é com No'One que Tohr deve 'seguir em frente', o Irmão novamente quase assassina o anjo - aliás, Lassiter é responsável por algumas das passagens mais hilárias deste livro.

Pouco a pouco vai nascendo uma cumplicidade e certa amizade entre o dois. Por mais que Tohr odeie a idéia, e lute muito contra, existe uma ligação entre eles. Tohr perdeu a esposa amada, No'One perdeu a filha, abriu mão da vida, perdeu a si mesma, adotou um nome inexpressivo (No'One significa 'Ninguém') e vive como uma serva, como que para pagar antigos pecados. Ela é tudo o que Wellsie nunca foi, Wellsie era exuberante, colorida, forte, destemida, tagarela, amigável, expansiva. No'One é loura, de constituição frágil, calada, reservada, discreta e muito tolerante, paciente, maternal, uma mártir.
A estória dos dois desenrola-se no longo período de um ano. Acho que é a estória mais longa da série, já que para a maioria dos irmãos, o amor caiu como uma bomba e poucos dias ou semanas depois deu-se o conflito, a aceitação e o consequente emparelhamento.
Com Tohr e No'One as coisas são lentas, a aproximação é gradual, ele nega os sentimentos, a atração e a química o quanto pode (até os momentos finais, na verdade), mas dá para sentir a coisa crescendo entre eles. Diferente das estórias anteriores, não há aquela possessividade territorial do momento "Minha!" ou a essência da vinculação que é a marca registrada do emparelhamento da espécie...

É um livro muito diferente do restante da série. Mas dado que o Tohr - como viúvo - é um caso único, seria até leviano da parte da autora lhe dar um "felizes para sempre" nos moldes dos demais, esquecendo a Wellsie no plano de fundo, né? Ele lutou muito, com tudo o que tinha, contra tudo o que sentia (e foi aos poucos sentindo) pela No'One... depois que eu me convenci disto, fiquei menos reticente. Passei a ver as situações em que ele era deliberadamente cruel com ela, como uma arma que ele sacava para se proteger de algo que estava se tornando profundo demais. E ao mesmo tempo, dava para ver algumas atitudes instintivas que contrariavam esta dita crueldade (a cena na mesa, onde ela aparece pela primeira vez sem o capuz, chamando atenção de todos, e ele expõe a presa para todos os machos ao redor, instintivamente ameaçador, pra mim foi um baita momento MINHA - mesmo sem ele se dar conta)... Mas a gente tem de dar o braço a torcer, esta estória tinha de ser diferente!

Fica a pergunta, depois de ter trazido Mary e Jane de volta, por que a Virgem Escriba não trouxe a Wellsie também? Talvez esta pergunta tenha sido respondida pelo próprio Tohr, em suas considerações: Eles já tinham tido a sua cota de felicidade. A Virgem Escriba é meio fanática por aquela coisa de equilíbrio, por toma lá dá cá... Tohrment já tinha sido suficientemente feliz nos anos em que tivera sua Wellsie (ao contrário de Rhage e Vishous, que se perdessem suas mates antes de terem tido sua cota de felicidade, corriam sério risco de jamais se recuperarem) além de tudo, existia uma No'One na vida dele, desde antes da Wellsie existir, desta forma, para ele ainda existia uma chance - após superar a dor - uma chance que ajudaria também a No'One livrar-se de seu próprio ciclo de sofrimento...

Como pano de fundo do desabrochar desta relação difícil temos um crise fortíssima no casamento de Xhex e John, eles se separam por causa de um arroubo machista dele, e feminista dela. E vemos os dois digladiando-se com seus próprios demônios. Gosto deles, mas achei meio cansativo o papo de "eu sou forte e quero sair para lutar, eu não vou ficar sentada sem fazer nada como as outras shellans, você sabia que eu era assim, eu nunca devia ter casado!"
Vemos também a difícil aproximação de No'One e Xhex, construindo uma relação mãe e filha que nunca tiveram a chance de ter.
Há grande destaque para o Bando de Bastardos, de Xcor, que quer tomar o trono do Rei Wrath para reinar sobre a raça. O que é detestável. Mas por causa da magia da narrativa em vários ponto de vista da Ward, vemos alguns momentos extremamente humanos destes vilões, o que nos faz imaginar que talvez, eles não sejam tão maus assim. Throe é um baita de um personagem legal!
E temos Qhuinn e Blay, que já são o casal anunciado do próximo livro. Há grande expectativa quanto a estes dois, vamos só ver como a Ward vai lidar com a questão da homoafetividade. 

No geral, eu adorei este livro, ele foi mais do que eu esperava, não consigo imaginar o Tohr com outra senão Autumn, este livro me fez sentir várias coisas - raiva, dor, amor - e muita ansiedade para o próximo. Estou torcendo imensamente para que Xcor e a Escolhida Layla sejam um casal, fiquei alucinada pelo modo como ele se encantou por ela, a primeira vista, e com tanta, tanta intensidade. Ela há de ser a redenção dele.

Não vou comentar o lance Qhuinn X Layla porque até agora não me entra na cabeça o que foi aquilo. Ai, deu vontade de ler de novo....

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