domingo, 30 de setembro de 2012

Resenha do Rapture, JR Ward (Fallen Angels # 4)

Aviso aos navegantes: resenha cheia de SPOILERS. Se não gostam, não leiam.

Mais ou menos como eu já imaginava lá no final do terceiro livro, ao saber que seria o Matthias a próxima alma disputada no jogo entre o Bem e o Mal, este livro foi um pouco difícil de digerir. Tá, a Ward enfiou uma amnésia no ex-vilão, mas ainda assim, terminei o livro com a impressão de que podia ser melhor, aliás, devia ser melhor.

O clima neste Rapture é bem sombrio, Adrian está bastante deprimido com a perda do Eddie e o time dos anjos parece em franca desvantagem. A ajuda divina no caso se dá somente com duas aparições relâmpago do Nigel que aparece, fala algumas coisas enigmáticas e some, deixando-os - aparentemente - à própria sorte. Na batalha pela alma de Matthias, Devina continua trapaceando e resolve enfraquecer Jim Heron atacando seu calcanhar de Aquiles: Sissy Barten, o que faz com o anjo, mais uma vez, se entregue à maldade que traz dentro de si.
Devina está cada vez mais patética e insuportável... no primeiro e segundo livros, aqueles lances meio psicóticos dela (vide TOC e a terapia) rendiam até uma cenas engraçadas, mas neste ela está meio pastelão e a influência que ela exerce sobre o Jim (que a odeia, a abomina, quer matar, mas está 'sempre alerta' para o bom e velho in-out) dá nos nervos em mais de uma passagem.
O casal não é ruim, juro que não. Mas faltou alguma coisa... Matthias volta de sua estadia no inferno amnésico, e na noite em que ele retorna, Mels o atropela com seu carro - acidente que manda a ambos para o hospital, onde se dá o primeiro contato entre eles.
No decorrer das páginas temos que - tal qual o casal - ir garimpando por entre os flashes da memória dele, que vai voltando aos poucos. Ele é todo "Eu sei que sou mau, sei que sou perigoso, mas não sei por quê" ela é toda "eu sinto a bondade em você" após alguma investigação, com o pouco que a memória dele que vai voltando, eles chegam a Jim Heron, e juntos todos têm de lutar contra os XOps que estão a toda atrás deles, ao mesmo tempo Devina desencadeia uma nova onda de matança de mulheres - cujos corpos aparecem nas mesmas circunstâncias que o de Sissy Barten (o que põe Jim louco e a polícia confusa com a possibilidade de um copycat)... e sendo Mels a chave para a alma de Matthias, ela também é um alvo para Devina... Jim e Adrian passam por maus bocados para salvar Matthias dos XOps, Mels da Devina, trazer Matthias para o 'bright side of life' e ainda lutar contra seus próprios demônios internos... por seu lado, Mels batalha na relação difícil que tem com a mãe após a morte do pai e na vidinha mais ou menos (embora segura) que tinha antes de atropelar o perigo em pessoa.

Sobre o romance propriamente dito: é morninho. A amnésia e restrições físicas de Matthias são um impedimento durante mais da metade do livro, e quando eles conseguem chegar nos finalmentes, a memória dele volta e o lado negro da força acaba afastando os dois. Quando estão pra ficar juntos de novo, a morte se faz presente, e aí bagunça tudo de novo...

Sobre as conexões com o universo IAN: temos a coincidência de Mels ocupar atualmente a posição de Beth Randall no jornal de Caldwell; temos Matthias e Jim cruzando com o bando de gigantes vestidos em couro naquele beco, cujo lider era feio pra caramba (oi, Xcor!); temos Adrian falando sobre um anjo 'bad-ass' que seria capaz de ajudar a ele e a Jim, e que até onde sabia estava no Limbo (oi, Lassiter!); temos Fritz Perlmutter - vestido de mordomo e tudo! - atendendo aos policiais que revistavam o local alugado por Jim, após a denúncia da Mels; e temos o Detetive de la Cruz bastante ocupado nas cenas de crime aqui e ali (mas infelizmente, nada do Veck!!!), embora eu não tenha reconhecido na hora, li agora alguém comentando que em uma entrevista durante a tarde de autógrafos da Ward em Cincinatti, a nova casa alugada pelo Jim é mesmo aquela onde Bella morava (eu suspeitava, mas não tinha identificado a descrição por inteiro).

Ao menos descobrimos a que o Dog veio, finalmente. Ward já tinha dito anteriormente que ele não era 'só um cachorro', mas não tinha sido dito o que ele realmente era... 

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O lançamento do 'Rapture' (fallen angels # 4) da Ward é hoje!

O quarto livro da série Fallen Angels da JR Ward está sendo lançado hoje, 25/Setembro!
Não vejo a hora de pôr minhas mãos nele...

As 33 sample pages disponíveis no site da Barnes & Noble são... hum... apetitosas!

Embora tenha minhas ressalvas quanto ao Matthias como personagem central - dada a participação vilanesca dele nos livros anteriores - estou bem curiosa. E cheia de saudades de Jim Heron e os anjos...bem que podia ter um pouquinho mais do Veck também...



domingo, 23 de setembro de 2012

J.R. Ward - Série Irmandade da Adaga Negra # 10 - Amante Renascido

LOVER REBORN
J.R. WARD
Lançado em 27/03/2012 (nos EUA)
572 páginas
Signet Eclipse


Este foi um livro bastante aguardado por quem acompanha a série.
Tohrment tem sido um dos Irmão favoritos das fãs desde a perda de sua shellan, no terceiro livro (em Amante Desperto). Wellsie e Tohr eram um casal apaixonado, perfeito, felizes e ela estava grávida quando os lessers a mataram. Depois de sua morte, Tohr enlouqueceu de dor e desapareceu, permaneceu sumido por alguns livros, retornando no final de Amante Meu, para o casamento de John e Xhex. Resgatado pelo anjo Lassiter, é trazido de volta para a mansão da Irmandade, após o exílio auto-inflingido onde tentou morrer vezes após vezes para reencontrar sua amada e filho. Quando volta ao convívio da Irmandade, Tohr se lança com fúria suicida na guerra contra os lessers, buscando vingança e um modo de morrer, e acabar com sua dor. A única coisa que o consola é saber que sua shellan e filho não-nascido estão no Fade, em paz, aguardando o reencontro deles após sua própria morte.
Lassiter então joga a bomba e acaba com este consolo dúbio ao informá-lo de que Wellsie não está no Fade, e que o seu apego às lembranças e à dor da perda a tem mantido presa no Limbo, onde ela enfraquece dia a dia, sem encontrar paz. A única maneira de salvá-la seria 'deixá-la ir' e seguir com sua vida. Tohr enlouquece após ouvir isso, parte descrença, parte fúria, parte desespero, como deixá-la ir? Como ele podia estar causando mais mal ainda a alguém que sofreu tanto por ele não ter estado lá para protegê-la?
Quando Lassiter insinua que ele deveria fazer isto arrumando outra shellan, o Irmão quase mata o anjo.
E neste contexto temos No'One. Ela é a mãe de Xhex, a vimos em "Amante Meu", quando vivia no Outro Lado trabalhando como a misteriosa e anônima serva das Escolhidas, até que, pede à Virgem Escriba que permita vir para este lado, para ficar perto da filha. No'One também é aquela já mencionada vampira que fora sequestrada por um sympath que a engravidou, salva por Darius e um Tohr recém passado por sua transição, e que se suicidou após o parto (Amante Vingado). No'One é discreta, apagada, uma figura que se arrasta na mansão do mesmo modo que no Outro Lado, de forma servil, humilde, quase despercebida. Sua presença incomoda Tohr, é como um lembrete constante de como a Virgem Escriba pode conceder milagres - No'One se suicidou e mesmo assim, ela está de volta, viva. Porque o mesmo não aconteceu a sua Wellsie? Ele é muito cruel com ela em alguma cenas, cruel de uma maneira que eu achei até indigna de um Irmão. Tudo fruto da dor. Mas tornou a leitura bastante incômoda em algumas partes. Quando Lassiter lhe revela que é com No'One que Tohr deve 'seguir em frente', o Irmão novamente quase assassina o anjo - aliás, Lassiter é responsável por algumas das passagens mais hilárias deste livro.

Pouco a pouco vai nascendo uma cumplicidade e certa amizade entre o dois. Por mais que Tohr odeie a idéia, e lute muito contra, existe uma ligação entre eles. Tohr perdeu a esposa amada, No'One perdeu a filha, abriu mão da vida, perdeu a si mesma, adotou um nome inexpressivo (No'One significa 'Ninguém') e vive como uma serva, como que para pagar antigos pecados. Ela é tudo o que Wellsie nunca foi, Wellsie era exuberante, colorida, forte, destemida, tagarela, amigável, expansiva. No'One é loura, de constituição frágil, calada, reservada, discreta e muito tolerante, paciente, maternal, uma mártir.
A estória dos dois desenrola-se no longo período de um ano. Acho que é a estória mais longa da série, já que para a maioria dos irmãos, o amor caiu como uma bomba e poucos dias ou semanas depois deu-se o conflito, a aceitação e o consequente emparelhamento.
Com Tohr e No'One as coisas são lentas, a aproximação é gradual, ele nega os sentimentos, a atração e a química o quanto pode (até os momentos finais, na verdade), mas dá para sentir a coisa crescendo entre eles. Diferente das estórias anteriores, não há aquela possessividade territorial do momento "Minha!" ou a essência da vinculação que é a marca registrada do emparelhamento da espécie...

É um livro muito diferente do restante da série. Mas dado que o Tohr - como viúvo - é um caso único, seria até leviano da parte da autora lhe dar um "felizes para sempre" nos moldes dos demais, esquecendo a Wellsie no plano de fundo, né? Ele lutou muito, com tudo o que tinha, contra tudo o que sentia (e foi aos poucos sentindo) pela No'One... depois que eu me convenci disto, fiquei menos reticente. Passei a ver as situações em que ele era deliberadamente cruel com ela, como uma arma que ele sacava para se proteger de algo que estava se tornando profundo demais. E ao mesmo tempo, dava para ver algumas atitudes instintivas que contrariavam esta dita crueldade (a cena na mesa, onde ela aparece pela primeira vez sem o capuz, chamando atenção de todos, e ele expõe a presa para todos os machos ao redor, instintivamente ameaçador, pra mim foi um baita momento MINHA - mesmo sem ele se dar conta)... Mas a gente tem de dar o braço a torcer, esta estória tinha de ser diferente!

Fica a pergunta, depois de ter trazido Mary e Jane de volta, por que a Virgem Escriba não trouxe a Wellsie também? Talvez esta pergunta tenha sido respondida pelo próprio Tohr, em suas considerações: Eles já tinham tido a sua cota de felicidade. A Virgem Escriba é meio fanática por aquela coisa de equilíbrio, por toma lá dá cá... Tohrment já tinha sido suficientemente feliz nos anos em que tivera sua Wellsie (ao contrário de Rhage e Vishous, que se perdessem suas mates antes de terem tido sua cota de felicidade, corriam sério risco de jamais se recuperarem) além de tudo, existia uma No'One na vida dele, desde antes da Wellsie existir, desta forma, para ele ainda existia uma chance - após superar a dor - uma chance que ajudaria também a No'One livrar-se de seu próprio ciclo de sofrimento...

Como pano de fundo do desabrochar desta relação difícil temos um crise fortíssima no casamento de Xhex e John, eles se separam por causa de um arroubo machista dele, e feminista dela. E vemos os dois digladiando-se com seus próprios demônios. Gosto deles, mas achei meio cansativo o papo de "eu sou forte e quero sair para lutar, eu não vou ficar sentada sem fazer nada como as outras shellans, você sabia que eu era assim, eu nunca devia ter casado!"
Vemos também a difícil aproximação de No'One e Xhex, construindo uma relação mãe e filha que nunca tiveram a chance de ter.
Há grande destaque para o Bando de Bastardos, de Xcor, que quer tomar o trono do Rei Wrath para reinar sobre a raça. O que é detestável. Mas por causa da magia da narrativa em vários ponto de vista da Ward, vemos alguns momentos extremamente humanos destes vilões, o que nos faz imaginar que talvez, eles não sejam tão maus assim. Throe é um baita de um personagem legal!
E temos Qhuinn e Blay, que já são o casal anunciado do próximo livro. Há grande expectativa quanto a estes dois, vamos só ver como a Ward vai lidar com a questão da homoafetividade. 

No geral, eu adorei este livro, ele foi mais do que eu esperava, não consigo imaginar o Tohr com outra senão Autumn, este livro me fez sentir várias coisas - raiva, dor, amor - e muita ansiedade para o próximo. Estou torcendo imensamente para que Xcor e a Escolhida Layla sejam um casal, fiquei alucinada pelo modo como ele se encantou por ela, a primeira vista, e com tanta, tanta intensidade. Ela há de ser a redenção dele.

Não vou comentar o lance Qhuinn X Layla porque até agora não me entra na cabeça o que foi aquilo. Ai, deu vontade de ler de novo....

Clive Barker - O Desfiladeiro do Medo

O DESFILADEIRO DO MEDO
Clive Barker
2002
700 páginas
Editora Bertrand Brasil


O Desfiladeiro do Medo é um livro sem paralelo: uma descrição implacável e irresistível de Hollywood e seus demônios, contada com um estilo cru e o poder narrativo que transformaram os livros e filmes de Clive Barker em fenômenos mundiais.
Hollywood transformou Todd Pickett em um astro. O tempo, porém, está lhe cobrando um preço por isso. Ele não tem mais o rosto perfeito do ano anterior. Após uma cirurgia malfeita, Todd precisa de um lugar onde possa esconder-se durante algum tempo, enquanto as cicatrizes desaparecem. Querendo ser momentaneamente esquecido instala-se em uma mansão no Coldheart Canyon, um recanto da cidade tão secreto, que sequer consta nos mapas. Tammy Lauper, presidente de seu fã-clube, chega à cidade de Los Angeles decidida a solucionar o mistério do desaparecimento de Todd. Lá chegando, descobre segredos a respeito do Coldheart Canyon: os espíritos da "Lista A" dos astros e estrelas falecidos de Hollywood que vieram participar de orgias no canyon...


Digam o que quiserem, eu ADOREI este livro!
Consegui meu exemplar numa troca despretensiosa no skoob, sem saber do que se tratava , não sabia mais de Clive Barker além de que era criador dos filmes Hellraiser e Candyman, enfim, não fazia a menor idéia de seus dotes literários...
Devorei o livro (e olha que não são poucas paginas!)

Encontrei bastante semelhança com O Iluminado, de Stephen King (chamem-me de herege, se quiserem) em toda aquela questão de um pedaço de chão tendo poder suficiente sobre o psicológico de personagens vulneráveis, o sobrenatural sobrevoando alguns hectares de terra, a despeito de quem ocupasse realmente seus domínios... totalmente Overlook!... me lembrou MUITO o Overlook Hotel e sua gama de escândalos/assassinatos sob seu teto, e sua influência maléfica sobre a mente atormentada do pobre Jack Torrance ex-alcolatra. Evidentemente, o mestre King não tem a sensualidade orgiástica que Barker é pródigo em relatar, então as semelhanças são limitadas... O prodigalismo de Barker neste sentido é exagerado? Talvez... mas o que sabemos nós realmente das estrelas de Hollywood e seu submundo? - posso dizer por mim, NADA. Então, quem sou eu pra questionar? Pelo que me consta, tudo o que está escrito ali (inclusive os intercursos sórdidos naquela piscina dos infernos são indiscutivelmente reais)
Adorei a mitologia criada pelo autor... a lenda do quarto secreto escondendo um mundo misterioso, que dominava a mente de quem o via, a Caçada, Lilith, Qwaftzefoni e a renca de atores hollywoodianos "fallen from grace''... achei brilhante, de verdade!
Aviso que a sinopse na orelha da capa é muito reveladora, e parei de ler na metade (o que foi ótimo, porque encarei com uma certa sensação de surpresa algumas coisas antecipadamente reveladas), meu conselho é: deixem a orelha pra lá e vão direto para o livro.

sábado, 22 de setembro de 2012

Gena Showalter - Série Senhores do Mundo Subterrâneo #9 - A Sedução mais Sombria

THE DARKEST SEDUCTION
(Lords of the Underworld #9)
Gena Showalter
Adult Paranormal Romance
504 pages
Harlequin

lançado em Fev/12 nos EUA
 

(li em Março de 2012, em inglês)
Gostei muito do livro.
Confesso que Paris não era dos meus Lords favoritos nos primeiros livros da série. As interações dele eram divertidas, engraçadas - ele como guardião do demônio da Promiscuidade transava um bocado, mas confesso que ele sempre me pareceu meio frívolo. Pelo menos até partir na busca desenfreada pela única mulher a quem ele e seu demônio, continuava desejando mesmo após ja ter tido sexo com ela. Intrigante, pois a regra número um do demônio a quem abrigava desde tempos imemoriais é que ele, para não enfraquecer, tinha de fazer sexo ao menos uma vez por dia, e nunca repetir a dose com uma mesma mulher... uma vez que tivesse feito sexo com uma mulher, seu corpo jamais a desejaria novamente.
Até Sienna. A Isca usada pelos Caçadores já no segundo livro, que o enganou num momento de extrema necessidade e o fez cair prisioneiro do inimigo.
A obsessão dele por ela é despejada a conta-gotas nos livros anteriores, culminando com este nono livro, onde por fim consegue encontrá-la no local onde o rei Titã Cronos a mantém prisioneira, depois de trazê-la de volta a vida e emparelhá-la com o demônio da Ira (anteriormente atribuído a Aeron) obviamente no intuito de utilizá-la na luta contra seus inimigos. E olha que inimigos é o que não falta a Cronos. Tudo e todos, praticamente.

Alguns personagens novos são inseridos, outros personagens já mencionados anteriormente ganham bastante destaque (Oi, William!!! ^.~... Zacharel, how're you doooing? ^.~), ficam várias pontinhas para os próximos livros... (anseio loucamente pelo livro do Kane e do Torin)
Vemos um lado controverso do Galen. Mancada quando a autora pinta alguma vulnerabilidade nos vilões... como continuar odiando-os quando eles tem "aquele" momento de emoção ou fragilidade? É imensamente mais fácil continuar odiando o mal puro e simples - rsrsrs
Difícil comentar os fatos do livro sem spoilear a coisa toda. Só posso dizer que após este final, TUDO vai mudar nos próximos livros.
Concluindo, eu achei que a autora foi muito sensível e convincente ao retratar Sienna e Paris como donos de passados imperfeitos, mas que 'trabalharam' sua relação e ao final, se complementaram em tudo. Como já disse, não era fã de carteirinha do Paris, e tinha uma antipatia velada pela Sienna, mas os dois me conquistaram. E isto, pelo menos para mim, conta muito!
E agora... que venha o livro do Zach!


Gena Showalter - Série Angels of the Dark #1 - Wicked Nights


WICKED NIGHTS
(Angels of the Dark #1)
Gena Showalter
Adult Paranormal Romance
411 pages
Harlequin

lançado em 26/06/12

Exército de meninos-maus ^.~

Lido em Julho de 2012 - achei legal!
Cheguei até a chorar no final, acho que foram as cinquenta últimas páginas que aumentaram minha avaliação para 4 estrelas, ao invés das 3 estrelas que o restante do livro vinha merecendo até então.
Talvez minha expectativa em termos de romance estivesse muito alta - esperava algo tão maravilhoso quanto Lysander e Bianka (em Darkest Angel, da série Senhores do Mundo Subterrâneo, da mesma autora) e me frustrei um pouquinho porque o romance entre Zacharel e Annabelle não pareceu - a maior parte do tempo - tão intenso, descritivo e hot-hot... A descoberta das paixões carnais pelo anjo até então frígido tanto emocional quanto fisicamente, não foram tão surpreendentes, ultrajantes, escandalizadas ou transformadoras quanto as do Lysander (se é que me entendem), muito menos a mudança que se operou nele após a capitulação... com o Zach foi tipo: experimentou, gostou, instantaneamente se rendeu, encheu-se de autoconfiança e passou a lutar pela amada.. sem aquela coisa de ficar boquiaberto, confuso, demorando a render-se, lutando contra - como obviamente a sua natureza de anjo pediria.
Ok, Annabelle não era de longe tão experiente quanto Bianka (Harpias são as melhores!), mas era de se esperar que o anjo icy-cold Zacharel não se mostrasse tão seguro, experiente e dominante, quanto se mostrou desde sua primeira vez (afinal de contas, o virgem era ele, peloamor!!!).
Desculpem a comparação, mas como fã da série LOTU (na qual esta foi inspirada) e com a expectativa que eu vinha tendo pelo livro do Zach, desde a leitura de The Darkest Seduction (o livro do Paris) isso me confundiu um pouco.

Mas vamos lá, deixando a comparação de lado... como primeiro livro de uma nova série este apresentou vários elementos, personagens e enredos que certamente serão desenvolvidos nos próximos livros.
Zacharel, é um anjo que anteriormente combatia nas frentes celestiais sob comando deLysander, sendo o mais frio, prático e implacável de seus anjos. Tão implacável que não nutria nenhum amor, simpatia ou misericórdia pela humanidade, massacrando a quem precisasse para atingir seus objetivos: destruir demônios e proteger os céus. O Deus Supremo, descontente com ele, e mais especificamente, com uma das atitudes por ele tomada no livro do Amun (LOTU #7, o condena a expelir flocos de neve pelas pontas das penas de suas asas (o que passa a acontecer toda vez que o deus supremo fica descontente com ele: ele passa a literalmente nevar - o que é meio ridículo e bastante desconfortável). Após algumas aparições esparsas nos outros livros, quando as hordas celestiais sempre aparecem para ajudar a salvar o dia, é no final do livro do Paris então, que Zacharel é expulso do exército de Lysander e lhe é dada uma nova missão: liderar seu próprio exército de anjos caídos (ou prestes a caírem, à primeira falha). Daí surge esta nova série, derivada da primeira: Anjos da Escuridão.

E Zacharel ganha um exército muito peculiar. Anjos teimosos, insubordinados, desobedientes, cruéis, como ele. A missão deles é proteger os humanos (por quem nenhum nutre simpatia alguma), e a cada falha de seus subordinados, ele, como líder, é punido.
Os anjos sob seu comando, de maior destaque são: Thane, Bjorn, Xerxes, Jamilla, Axel e Koldo... todos com histórias e traumas particulares, que certamente serão abordados em livros futuros. Bjorn, Thane e Xerxes por exemplo, foram mantidos prisioneiros no inferno durante um longo tempo, coisas horríveis foram feitas a eles neste período, e quando fugiram, algo estava mudado dentro deles, seu comportamento atual, passando a ser um reflexo desta mudança.
Koldo é descrito vagamente como não somente um anjo, mas um híbrido com habilidades peculiares, que teve as asas cortadas quando ainda era criança - ou seja, incapaz de curar a si mesmo - cresceu sem asas, com o único objetivo de encontrar este anjo para vingar-se (minha aposta para o próximo livro é que seja contada a estória dele, Koldo).

Bom, nas páginas deste livro é exposto o histórico de Zacharel, explicando o porque dele ser tão frio, inclemente, implacável. Sabemos então que ele teve um irmão gêmeo, chamado Hadrenial, a quem matou com as próprias mãos, e como isto foi marcante em sua estória.
Vemos como após a morte do irmão, ele extraiu a essência da bondade de seu corpo sem vida, arrancou parte de sua própria essência, misturou-as e escondeu-as. Uma mórbida homenagem ao irmão morto, uma garantia de que também ele, Zacharel, não voltaria a sentir, já que o irmão jamais o faria.

Uma das missões de caça aos demônios, leva Zacharel à um manicômio judiciário, onde está detida Annabelle Miller, acusada - injustamente - de ter massacrado os próprios pais. Injustamente, pois como nós leitores sabemos - seus pais foram mortos por um demônio. Nesta instituição, ela é mantida drogada, cercada por monstros e abusada por médicos e funcionarios, além de ser, constantemente atacada por demônios que a atormentam...

Ao conhecê-la, Zacharel passa a se interessar, admirar e a amar a humanidade (no geral). Apaixonados, eles passam a caçar e combater o demônio que a marcou, a fim de libertá-la para que possa ser dele, só dele. Nesta caça, ambos são confrontados com seus próprios fantasmas do passado, e ao final, devem encontrar a redenção. Ou não.

Personagens da série LOTU aparecem fartamente neste primeiro livro de Anjos da Escuridão:
* McCadden, o anjo caído de cabelo rosa e lágrimas tatuadas no rosto que perseguia a deusa-menor do pós-morte Viola, no livro do Paris, está agora sob guarda do exército de Zacharel;
* em uma das missões de caça aos demônios, Zach pede ajuda ao exército de Lords possuídos, e então vemos Lucien, Anya, Amun, Haidee, Kaia, Strider, além de Lysander, é claro.
* Em outra cena, Zacharel busca abrigo para uma desacordada e machucada Annabelle na nuvem que Bianka divide com Lysander, e lá vemos Bianka e Kaia, as irmãs Harpia, bebendo, como sempre. Ao final, fica explícita que a aliança entre os anjos (caídos ou não) e os Lords continuará forte contra os Titãs e Demônios.

Charles Bukowski - notas de um velho safado / pulp / numa fria


Em Notas de um velho safado, a América tem uma cara de 50 anos, corpo de 18 e desfila de calcinha rosa claro e salto alto na madrugada corrosiva de Los Angeles. A América é um sapatão furioso com uma garra metálica no lugar da mão esquerda e não quer saber de transar com o Velho Safado. A América é uma deusa milionária com a qual ele se casa e da qual amargamente se separa. A América é uma prostituta, 150 quilos, um metro e meio de altura, que peida, uiva e destroça a cama quando goza. A América é também estudantes e revolucionários proferindo discursos inflamados em parques ensolarados de São Francisco no final da década de 60. A América é Neal Cassady dirigindo alucinadamente pelas ruas de Los Angeles, pouco tempo antes de morrer de overdose sobre os trilhos de uma ferrovia mexicana. A América é Jack Kerouac e Bukowski poetando na Veneza californiana.
Notas de um velho safado forma um conjunto de histórias excepcionais saídas de uma vida violenta e depravada, horrível e santa. Não podemos lê-lo e seguir sendo os mesmos.



Eu não conhecia Bukowski.
Meu primeiro contato foi através da música do Lupercais* e de alguns comentários do marido, que conhece um pouco mais do que eu (citações).
Vi em promoção na Americanas.com e comprei (estava realmente barato) - no começo, a leitura foi meio engasgada - esta maldita mania que tenho de ler prosa, procurando começo/meio/fim em tudo o que leio, penso, quero! + o sacolejar do ônibus nosso de cada dia + black metal rolando nos headphones... - sofri um tiquinho até me desvencilhar deste inútil hábito.
Depois que 'peguei o ritmo' - encarei a leitura como fluida e um tanto nonsense como ela é para ser - foi uma delícia de ler, fiquei triste quando acabou! E as 250 páginas pequenas VOAM. 

Ficou a impressão de uma espécie de blablabla - BANG! - blablabla (sem ficar interrompendo e voltando a leitura pra entender as profundidades filosóficas dos 'blablabla', mas entendendo MUITO BEM o BANG - sentindo nas entranhas os verdadeiros socos no estômago dispersos em meio de coisas aparentemente nonsense - existem algumas preciosidades em termos de citações, frases esparsas e mesmo experiências que nos fazem refletir muito, imaginar no quanto de gente dita 'normal' passa por nós pela rua e de repente embaixo de seus tapetinhos cotidianos escondam este verdadeira manancial de pervesidade, sujeira e loucura que era a mente desta figura.
Fiquei curiosa em ler os contos e poesia propriamente ditos do 'velho safado', estas 'notas' tem um quê de autobiográfico e muito de confusa embriaguez, então não sei se dá para tecer uma noção exata do que a obra dele realmente 'é'. O quanto dali realmente foi real.
E o que é a realidade, no final das contas?
Me atraiu particularmente o finalzinho, aparentemente mais autobiográfico do que o restante (que soam como delírios)... as descrições do pai e mãe espancadores que Hank teve quando criança, e como ele se tornou um homem gélido. Explica um bocado.
Ou não.
Vale muito a leitura!

Nas palavras de Lupercais, em "Crônicas de um morto cafajeste":
* vá em paz velho safado,
que o céu te receba num sarcasmo sorridente
mas antes de chegar ao paraíso,
passe no inferno e peça a Satanás uma garrafa de aguardente.
Adeus.
(o resto da letra, é impróprio para o horário) 




Charles Bukowski nasceu na Alemanha em 1920 e morreu nos Estados Unidos em 1994. Veio para a América com dois anos e tornou-se um dos maiores poetas e ficcionistas dos Estados Unidos. Santo padroeiro dos bêbados escritores, escreveu, entre outros clássicos, Cartas na rua, Mulheres, Crônica de um amor louco, Fabulário geral do delírio cotidiano, Notas de um velho safado, Hollywood (argumento do filme Barfly, direção de Barbet Schroeder, com Mickey Rourke e Faye Dunaway), a novela Pulp e o O capitão saiu para o almoço e os marinheiros tomaram conta do navio, livro confessional e seu último trabalho publicado antes de morrer.
Sua obra poética é vasta e jamais foi traduzida no Brasil. A diferença entre Bukowski e outros malditos é que ele não foi um mártir, nem um anjo caído. Às vezes, quando cai, cai atirando, sem autopiedade. Alguns de seus diálogos são memoráveis, e a violência de sua linguagem geralmente oculta uma indisfarçável ternura pelos perdedores e excluídos. Numa fria é Bukowski puro: uma preciosa coletânea de contos, gênero ao qual ele se dedicou mais intensamente.

 

Eis um Bukowski puro-sangue. Legítimo. Concluído alguns meses antes de sua morte, em março de 1994, aos 73 anos.
Não há como sair incólume desta história. A saga de Nick Belane poderia até ser igual a de tantos outros detetives de segunda categoria que perambulam pelas largas ruas de Los Angeles. Mas aqui, mulheres inacreditáveis cruzam pernas compridas e falam aos sussurros, principalmente uma que atende pelo nome de Dona Morte. Como nos velhos livros policiais de papel vagabundo, subliteratura pura, a quem Charles Bukowski dedica solenemente Pulp.
Ele desafia sua história com habilidade de mestre. Um Rabelais percorrendo o mundo noir? A divina sujeira? A maravilhosa sordidez? Um acerto de contas com a arte? Uma homenagem? Uma reflexão sobre o fim da vida? E tomara que a morte estivesse linda, gostosa e sexy – como está nesta história – quando encontrou o velho Buk poucos meses depois de ter posto o ponto final nesta pequena obra-prima.


Primeira novela que leio do velho safado, até então, tinham sido somente contos. Livro curtinho, li inteiro na espera pelo atendimento médico (tá fiquei umas cinco horas naquele raio de hospital!)
Este tem o clima daqueles filmes noir, de detetives para quem sempre acontecem as coisas mais inusitadas, num ritmo vertiginoso. Nosso querido Nick Bolane deve ser o campeão. Todos os ingredientes do Bukowski: bebida,
femmes fatales (outras nem tanto), cavalinhos, peidos, perseguições a bordo de um Fusca que pede penico ao atingir os 120 km/h, hemorróidas, bares, brigas, absurdos como alienígenas e até a Dona Morte.
"Gente chata da porra. A Terra está cheia deles. Propagando mais gente chata. Um espetáculo de horror. A terra botando chatos pelo ladrão."