sexta-feira, 5 de junho de 2015

[LANÇAMENTO] Stephen King - Finders Keepers (Bill Hodges Trilogy #2)

Por falar em livros..

Saiu essa semana, em 02 de Junho, o segundo livro da trilogia Bill Hodges, iniciada com "Mr. Mercedes" em 2014. Tida como primeira inserção do King no mundo de thrillers policiais (e de trilogias), o livro tem 448 páginas, e sem previsão de lançamento no Brasil. A editora brasileira do King, aqui no Brasil, a Suma de Letras, adiou o lançamento do primeiro livro para 2016, oremos para que o segundo saia em 2017.



À esquerda temos a capa britânica (a que eu achei mais linda!) e à direita, a capa americana


"Finders Keepers" (em tradução livre, "Achado não é Roubado") - um romance magistral e intensamente cheio de suspense sobre um leitor cuja obsessão com um escritor recluso vai longe demais - é um livro sobre o poder das histórias, estrelado pelo mesmo trio de improváveis heróis que King apresentou em Mr. Mercedes.

"Acorde, gênio". Assim se inicia a instantânea fascinante história sobre um vingativo leitor. O gênio é John Rothstein, o icônico autor criador de um famoso personagem, Jimmy Gold, mas que não publica um livro há décadas. Morris Bellamy está furioso, não só porque Rothstein parou de publicar livros, mas porque o inconformado e rebelde Jimmy Gold se vendeu a uma carreira em publicidade, no último livro publicado. Morris mata Rothstein e esvazia o cofre onde ele guardava dinheiro, sim, mas o verdadeiro tesouro são as cadernetas contendo ao menos mais um romance da série Gold.


Morris esconde o dinheiro e as cadernetas, e então é peso por outro crime. Décadas depois, um garoto chamado Pete Saubers encontra o tesouro, e agora é Pete e sua família que Bill Hodges, Holly Gibney e Jerome Robinson deve salvar do cada vez mais desequilibrado e vingativo Morris, quando ele é libertado da prisão, após trinta e cinco anos.


Desde Misery (Louca Obsessão), King não brincava com a noção de um leitor cuja obsessão com um autor se torna perigosa. Finders Keepers é um suspense espetacular, de acelerar o coração, mas é também King escrevendo sobre como a literatura pode forjar uma vida - para o bem, para o mal, para sempre..



Sem me aguentar de ansiedade, é claro que dei meus pulos para conseguir o ebook já no dia lançamento (consegui até um dia antes \o/) e terminei a leitura ontem. 
De certa forma, como sabendo ser o segundo livro de uma trilogia, eu fiquei meio que esperando (ah, as expectativas, essas malvadas!) a presença triunfal de Bill Hodges, Holly Gibney e Jerome Robinson logo no início, me puxando pela mão através de mais um mistério envolvendo loucura, explosões e ritmo vertiginoso o qual tirariam de letra, logo de cara. Só que não.

Finders Keepers oscila capitulos entre presente e passado, tem um ritmo próprio e demora bastante até o link entre as duas histórias realmente se estabelecer. Lógico que logo no início revisitamos a cena do ataque do Mercedes cinzento às pessoas na fila da Feira de Empregos, que é a cena de abertura do Mr. Mercedes, mas tirando esta interligação, a história - pode-se dizer - é avulsa.
Bill Hodges só vem a aparecer na segunda parte do livro (Old Pals), e até lá já rolaram 176 páginas e já estamos imersos em outro ritmo e outras vivências. A narrativa se alterna entre diversos pontos de vista (yey!) e isto eu acho ótimo, porque damos uma olhadela dentro da mentalidade do vilão. A respeito do vilão... o que dizer? ele é louco de pedra! Artigos insistem em traçar um comparativo entre ele e Annie Wilkes (a fã número 1 de Misery) e só o que posso dizer é que, apesar da loucura presente nos dois, enquanto a obsessão de Annie pode até ser considerada pueril e honesta (tipo aquela coisa de solteirona que se deixa envolver em histórias românticas, óbvio que levado às últimas consequências) chegando até a dar dó em certas partes, Morris Bellamy é um adolescente pedante, mesmo ao sair da prisão, aos sessenta anos. Irritante, meio difícil se identificar. Até compreendemos sua loucura, sua revolta e obsessão, mas não dá para se identificar muito. Livro afora, vemos que apesar de inteligente, seu cérebro meio que não evoluiu daquela rebeldia adolescente (qualquer semelhança com O apanhador no Campo de Centeio é mera coincidência?) e do inconformismo pelo seu autor favorito ter pervertido seu herói, transformando-o em um homem conformado e assentado, que trabalha das oito as cinco e tem esposa e uma casinha com cercado branco no quintal. 
A diferença crucial, ao meu ver é que: enquanto Annie idolatra autor E obra, Morris Bellamy pouco se lixa para o autor. Sua paixão é a obra. E isso por si só, já é uma mudança interessante! 
Quando conhecemos Pete Saubers, (o garoto que encontra o tesouro) meio que entramos em outro ritmo da história, vivendo uma típica história de aventura juvenil (cheia de altas aspirações e boas intenções, como os Goonies) e é com um sorriso nos lábios e uma dorzinha no coração que vemos como ele se empenha em "resolver os problemas" pelos quais seus pais passam -- aliás, um adendo: achei as figuras paternas muito alheias à situação no geral... não me convenceu muito também. O garoto passa por longos períodos de sofrimento ético e de auto-suplício por ter talvez tomado uma decisão errada e o medo de ser julgado por isto. Em parte, estas cenas são bem arrastadas - rs, mas sentimos como o garoto foi afetado por tudo o que lhe aconteceu.
No final há o grande embate do bem (Pete) contra o mal (Morris) em uma cena que me remeteu de leve ao embate de Paul Sheldon contra Annie Wilkes.
Uma coisa que eu achei bem legal (ou que pode ser um verdadeiro fracasso, vai depender de como King resolva levar isto adiante) foi o aspecto sobrenatural que ele inseriu, ausente em Mr. Mercedes (não dá para falar muito, senão vai ser um grande spoiler). Mas fica uma bela ponta para o próximo livro, que, segundo o autor em uma entrevista recente, se chamará "The Suicide Prince" [mudou, agora se chamará "End of Watch"].
Que venha!

See you later!

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