Neste novo romance, o vencedor do prêmio Nobel José Saramago reconta episódios bíblicos do Velho Testamento sob o ponto de vista de Caim, que, depois de assassinar seu irmão, trava um incomum acordo com deus e parte numa jornada que o levará do jardim do Éden aos mais recônditos confins da criação.
Se, em O Evangelho segundo Jesus Cristo, José Saramago nos deu sua visão do Novo Testamento, neste Caim ele se volta aos primeiros livros da Bíblia, do Éden ao dilúvio, imprimindo ao Antigo Testamento a música e o humor refinado que marcam sua obra. Num itinerário heterodoxo, Saramago percorre cidades decadentes e estábulos, palácios de tiranos e campos de batalha, conforme o leitor acompanha uma guerra secular, e de certo modo involuntária, entre criador e criatura. No trajeto, o leitor revisitará episódios bíblicos conhecidos, mas sob uma perspectiva inteiramente diferente.
Para atravessar esse caminho árido, um deus às turras com a própria administração colocará Caim, assassino do irmão Abel e primogênito de Adão e Eva, num altivo jegue, e caberá à dupla encontrar o rumo entre as armadilhas do tempo que insistem em atraí-los. A Caim, que leva a marca do senhor na testa e portanto está protegido das iniquidades do homem, resta aceitar o destino amargo e compactuar com o criador, a quem não reserva o melhor dos julgamentos. Tal como o diabo de O Evangelho, o deus que o leitor encontra aqui não é o habitual dos sermões: ao reinventar o Antigo Testamento, Saramago recria também seus principais protagonistas, dando a eles uma roupagem ao mesmo tempo complexa e irônica, cujo tom de farsa da narrativa só faz por acentuar.
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Terminado em 16/06/2010
Estava pesquisando sobre Saramago e ao me deparar com a sinopse no Submarino.com, me interessei, nunca tinha lido nada dele... mas ao longo da leitura, me decepcionei. Uma caracteristica marcante - que vim a saber mais tarde - do autor é a ausência de pontuação em suas narrativas. Um martírio saber quem está falando o que e quando, já que não tem ponto final, travessão, dois pontos, nada... tudo seguido, demora pra pegar o ritmo. Em segundo, eu confesso que o mote da estória não foi novidade pra mim, leitora antiga do blog do Marco Aurelio (jesus me chicoteia), que já vem sacaneando a bíblia e o deus bíblico há anos - de forma satírica e muito engraçada, então a surpresa do Saramago, não foi surpresa pra mim, daí eu não gostei muito... dei 2 estrelas porque ao terminar o livro fiquei com a pior das impressões do autor... tirando a questão a acentuação - que eu achei imperdoável, achei o humor meio forçado, mais forçado que o do Marco Aurélio - rsrsrs (embora eu tenha certeza que sou a única a fazer esta associação)
Logo que terminei de ler o livro, o autor morreu. Daí as meninas do Cantinho da Leitura elegeram um outro livro dele pra lermos como livro do mês, mas aí eu conto no próximo post.
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