A Editora Suma lançou mês passado aqui no Brasil o cultuado On Writting do autor Stephen King, lançado nos EUA em 2000 (e relançado depois, em 2010). É um livro de não ficção onde o autor fala - como o nome diz - sobre o processo de escrita (linguagem, o ato de escrever, o que impulsiona um autor, e de quebra, nos conta um montão sobre sua própria vida).
Confesso que não estava muito empolgada, porque não sou muito fã de biografias, ou de livros de não-ficção o próprio Dança Macabra dele, que li há muitos anos, me decepcionou...
O livro é relativamente curto e o tom é intimista, o autor parece um avozinho querido contando histórias de seu passado, o que é cativante. Dividido em três partes, a primeira intitulada "Currículo", o Sr. King nos mostra algumas de suas lembranças mais antigas (para mim, a quem a vida parece ter começado aos 11 anos, parece incrível alguém lembrar de fatos acontecidos aos 4, 6 anos). Mas ele lembra e nos conta algumas passagens emocionantes e engraçadas (eu ri muito com este livro), usa estes fatos para mostrar os tijolinhos que construíram o autor dentro dele.
Da infância, passa pela adolescência, os primeiros contos publicados (a vitória de vender um conto por vinte dólares, por exemplo), fala rapidamente, mas com grande e emotiva reverência sobre quando conheceu Tabitha Spruce, sua esposa até hoje [eu, particularmente, achei lindas as referências maduras dele ao relacionamento com ela e toda a família], a emoção da primeira proposta de verdade, quando conseguiu vender por um valor expressivo os direitos de publicação do primeiro livro: "Carrie, a estranha" [que, na verdade, foi o primeiro a ser publicado, ele já tinha escrito três romances antes dele, Rage, A longa marcha e O concorrente, que só foram publicados bem depois] - a dificuldade de ver-se em uma situação em que não tinha dinheiro sequer para comprar remédio para a filha doente (quem nunca?).
A segunda parte é sobre a escrita, propriamente dita. Dá dicas de linguagem, construções, diálogos... menciona alguns trechos para exemplificar o que está querendo dizer [no fim, fiquei com uma leve dúvida se todas as dicas dele - que referem-se à língua inglesa, são válidas inquestionavelmente também para a língua portuguesa]. E há um franco ataque ao uso excessivo de advérbios na literatura moderna -- Repitam comigo: advérbios não são seus amigos, advérbios são do mal.--Amei a parte sobre enxugar o que for irrelevante. Amei mesmo. Certamente se isto fosse regra geral, não teríamos tantas "sagas" atualmente *
Na terceira parte, que encerra o livro ele conta sobre o acidente que sofreu em 1999, que quase o matou. Também contém trechos emocionantes.
Ao longo do livro, convém mencionar, que ele "disseca" algumas de suas obras, fazendo algumas revelações que pessoas mais sensíveis a SPOILERS provavelmente não irão gostar. Lembrando que, já que o livro é de 1999/2000, são as obras mais antigas: Carrie, A longa Marcha, Buick 8, Salem, A dança da Morte, Misery... atenção na hora de ler. Eu não li alguns destes, mas com os filmes e tudo o mais, não achei os spoilers tão ofensivos assim (minha tolerância a eles é elevada), de qualquer forma, requer cuidado aos que não gostam.
Eu fiquei é com vontade de ler os que não li e reler os que já li (para tentar ver pelo prisma dele).
Para mim, este livro foi um grande desmistificador.
E por outro lado, um grande mistificador também Emoticon confused Advérbios, advérbios, como livrar-nos deles??????
Galera super do bem e diversos conteúdos sobre o universo do autor atualizados diariamente... Neste mês de aniversário do grupo, estão rolando várias promoções e concursos.
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